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MARCIO UCKER
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NOTÍCIA

Fim da escala 6×1: Tudo o que você precisa saber

A escala de trabalho 6×1, na qual o trabalhador atua seis dias consecutivos com apenas um dia de descanso, caracteriza a rotina de muitas profissões no Brasil. Esse modelo, amplamente difundido no mercado de trabalho nacional, é alvo de debates sobre suas implicações para o bem-estar dos trabalhadores e para o consumo interno. Com pouco tempo para descanso e lazer, o trabalhador brasileiro muitas vezes é privado de atividades essenciais para seu desenvolvimento pessoal, social e econômico. Esse cenário leva muitos a acreditar que a única função do trabalho é sobreviver, criando um ciclo onde o trabalhador não apenas se acostuma, mas em muitos casos, a a “amar seus grilhões”, por falta de alternativas e pela ausência de uma visão de vida fora desse contexto.

Condições históricas:

A estrutura capitalista, historicamente, recorreu a argumentos econômicos para justificar a exploração da mão de obra. Na época da escravidão, por exemplo, a elite econômica afirmava que o fim desse sistema levaria à falência da economia e à desordem social. Em estudo sobre as relações de trabalho e poder, o sociólogo norte-americano Herbert Marcuse observou que o capitalismo utiliza não apenas estruturas econômicas, mas também estruturas ideológicas para manter o status quo, convencendo as massas de que qualquer mudança radical no modelo de trabalho comprometeria a estabilidade econômica e social.

Esse controle de narrativas é reforçado por um mercado de comunicação amplamente influenciado pelos interesses corporativos. A concentração midiática no Brasil, onde poucos grupos controlam a maioria dos meios de comunicação, limita as vozes em prol de reformas que beneficiem os trabalhadores. Em sua análise sobre mídia e poder, o professor Noam Chomsky explica que a mídia convencional tende a projetar valores que favorecem os interesses corporativos, dificultando o debate sobre alternativas de jornadas de trabalho ou mesmo sobre o direito ao tempo livre e ao lazer.

Estudos como o de Edward Bernays, pioneiro da teoria da propaganda, mostram como o capital utiliza estratégias de comunicação para influenciar o comportamento e a percepção pública. Em um modelo de propaganda “anti-trabalhador”, o capital promove a ideia de que jornadas longas e sacríficas são “dignas” e “essenciais”. Esse conceito é reforçado por campanhas publicitárias e narrativas midiáticas que apresentam o esforço contínuo como uma virtude, criando uma aceitação gradual das condições exaustivas.

No Brasil, o conceito de “meritocracia” é frequentemente usado para justificar jornadas prolongadas, reforçando a ideia de que o trabalhador só conseguirá prosperar por meio de um esforço contínuo e de uma dedicação que, na prática, o impede de aproveitar a vida, para dar lucro ao seu patrão. Estudos de universidades como a USP e a Unicamp mostram que esse pensamento é amplamente promovido por meios de comunicação controlados por conglomerados, que possuem interesses corporativos contrários à redução das jornadas de trabalho.

Em contraste, países como a Alemanha e a Dinamarca mostram que jornadas reduzidas aumentam a qualidade de vida e beneficiam a economia. Em uma análise publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica de Berlim, a redução de jornadas promoveu um aumento no bem-estar e no consumo, impactando positivamente o mercado. Essas práticas revelam que, ao contrário do que a narrativa corporativa prega, menos horas de trabalho não significam perdas econômicas.

O Movimento VAT e a Resistência no Brasil

No Brasil, o movimento VAT – Vida Além do Trabalho, liderado por Rick Azevedo, representa uma resistência a essas narrativas. O VAT defende uma redução da jornada de trabalho, argumentando que o tempo livre é um direito fundamental. Azevedo aponta que o aumento do tempo de lazer e descanso pode melhorar a saúde dos trabalhadores e estimular o consumo, contribuindo para uma economia mais justa e sustentável.

O projeto do movimento inclui a jornada 4×3 como uma meta ideal para as negociações porque, ao apresentar uma proposta ambiciosa, espera-se garantir uma maior margem de negociação no Senado e com outras partes interessadas. Dessa forma, mesmo que a proposta final não alcance o 4×3, existe uma possibilidade mais concreta de se chegar a um consenso em torno de um formato intermediário, como o 5×2. Esse movimento estratégico busca atender, ao menos em parte, as reivindicações dos trabalhadores e sinalizar um avanço na flexibilização das jornadas.

A normalização de jornadas exaustivas na escala 6×1 e a dificuldade de propor mudanças são, em grande parte, sustentadas por uma estrutura de comunicação que reforça a ideia de que trabalho contínuo e sacrificial é inevitável e necessário. As experiências internacionais mostram o oposto: jornadas reduzidas podem coexistir com economias fortes e qualidade de vida. No Brasil, movimentos como o VAT buscam desmistificar essas narrativas, promovendo um modelo onde o trabalhador tem direito a uma vida além do trabalho e pode consumir de forma ativa e saudável, beneficiando tanto a economia quanto a sociedade.

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